sexta-feira, 22 de abril de 2011

O interesse pelo lúdico



Eu estava com quase 16 anos, quando senti que me moldar num estilo próprio tornava-se uma necessidade, de dentro para fora. Eu precisava expirar para o mundo todos os possíveis que haviam dentro de mim. Nunca me importei com o que pensariam ou falariam quando vissem pelas ruas da pequena cidade uma garota branca, de cabelos compridos, make azul turquesa, sapato de boneca, plumas, taxas e o que mais ela quisesse aderir. Como sempre, o preconceito era um fator predominante na sociedade, mas eu não me importava. Sempre preferi ser notada do que ser camuflada.
Sempre acreditei que a primeira impressão é a que fica, e quando uma pessoa te olha, a primeira coisa que ela analisa é o seu estilo, depois o seu cabelo, os traços faciais, e por fim, sua história, seu caráter, o que você faz... necessariamente nesta ordem.
Estilo nada mais é do que a exposição escancarada de uma história de vida. 
Nada me encanta mais do que ver uma pessoa expressando os seus "eus".
Já estávamos mais do que nos anos 2.000 e eu estava cansada de me soltar aos poucos. Viver ponderando em frente ao espelho nunca fez o meu estilo.
Foi quando me interessei por teatro, montei uma peça na escola, representamos Romeu e Julieta, comecei a perder aquela timidez típica dos 15 anos, fiz eternos amigos, que me acompanharam ao longo dos anos.
Não havia melhor maneira de me libertar. No teatro, na música e nos rabiscos que eu fazia no papel. 
Eu era eu, mais do que nunca e cada vez mais.
Houve quem me rotulasse como um personagem, como ilusão. 
Eu estava sendo mais real do que nunca. Eu estava sendo nada mais do que eu mesma. E eles, estavam todos uniformizados, presos na igualdade a que se incumbiam.
Despertei-me para viver uma sonho vívido. Entre anjos e os  monstros que tentavam me acordar, permanecia intacta. 
Posso mudar a casca, tirar as vestes, mas não perco o meu molde.


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