Até parece que eu tô vendo minha mãe enfatizando sobre a minha teimosia casa afora. Eu toda pirralha, cheia de sardas e artimanhas. Sempre me disseram que tenho olhos grandes, como os mangás. Deve ser por isso que eu era (e ainda sou) tão observadora. E minha mãe tinha razão, eu era muito (e sou) teimosa. Usava as roupas que queria, minha mãe dizia que eu parecia uma "árvore de natal" e eu não estava "nem aí". Eu tinha um cabelo lindo, comprido, com cachos dourados nas pontas... Cortei chanel. Eu tinha roupas de princesa, mas sempre gostei da calça jeans de cós alto, surrada, que minha mãe doou sem eu saber. Enquanto minhas amigas do primário ainda cultuavam a Xuxa, eu curtia Spice Girls e usava Melissa ao invés do tênis com pisca-pisca. Eu poderia andar sobre os paralelepípedos com um tênis confortável e seguro, mas eu gostava e preferia os riscos do salto 15. Aos 10 anos alegava que não usaria uma roupa se ela não "fizesse o meu estilo". Aos 11 troquei Lilica Ripilica por Planet Girls, e não que a roupa precisasse ter necessariamente uma marca apropriada, ela apenas tinha que se parecer comigo, e me identifiquei bastante com esta! Eu era nova demais pra usar Make escura demais? Era isso que eu ouvia o tempo todo. E lá estava eu me deliciando com as maquiagens da minha mãe, e provando as roupas dela. Sempre tive apreço pelas roupas da minha mãe, e até hoje ainda tenho algumas dessas "raridades" dentro do meu guarda roupa, como uma saia estilo hippie que ela usava nos anos 80 (me orgulho de ter nascido nessa década). Hoje, nos anos 2000, estou vivenciando a volta do melhor estilo, o das nossas mães e avós. Cada vez que uso uma calça dos anos 90 ou uma saia dos anos 50, faço uma viagem de volta ao meu passado e outra a um passado que não vivenciei, mas sinto com intensidade dentro de mim. Quando me olho no espelho, bem dentro dos meus olhos, enxergo aquela garotinha teimosa e sardenta, e então vejo que tudo faz sentido.
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